Quando partir, quero ser onda.
As colinas atrás da várzea eram longas, de um verde acastanhado característico do barrocal algarvio. Na várzea as alfarrobeiras dançavam ao som da brisa quente de verão, fazendo as vagens acastanhadas balançar para a frente e para trás como um carrossel na feira. O sol estático lá no alto, irradiava um calor tão estranho, que ao bater no corpo, causava uma sonolência de urso pardo a sair da hibernação. Do lado de cá, a sombra quente da casa abrigava um casal de avançada idade, e uma cortina feita de fieiras de contas de plástico que impedia a entrada de moscas… “A cortina impede as moscas da rua de entrar em casa, ou impede as moscas que que conseguiram entrar, de sair de casa?”, pergunta a mulher. “Sei lá!! Acho que não impede coisa nenhuma…”, returque o homem. “Está uma brasa não está?” “Vamos beber uma cervejinha fresquinha?”, continua o homem. O homem, em câmara lenta, levanta-se apoiado num cajado feito de galho de oliveira, e desaparece por entre as c...